O Depósito Caótico: A Vida Social na Coleção Norlinda e José Lima
A Coleção Norlinda e José Lima é um acervo que o empresário José Lima, oriundo de Águeda e radicado em S. João da Madeira, constitui desde inícios da década de 1980, fruto do seu interesse e entusiasmo pela arte. A Coleção Norlinda e José Lima mostra-se ao público através de exposições organizadas por organismos como o Centro de Artes de Águeda ou o Centro de Arte Oliva, gerido pelo município de S. João da Madeira, com o qual José Lima protocolou a salvaguarda das obras.
A Coleção Norlinda e José Lima inclui à volta de 1250 obras realizadas por cerca de 500 artistas portugueses e estrangeiros entre o pós-Segunda Guerra Mundial e a atualidade. Estas obras caracterizam-se por uma variedade de meios de expressão e temas: no primeiro caso, pintura, desenho, escultura, fotografia, vídeo e instalação; na segunda circunstância, desde tópicos políticos a questões internas à prática e ao método artísticos.
A exposição O Depósito Caótico passa em revista a Coleção Norlinda e José Lima. Assim, reúne artistas portugueses e estrangeiros, históricos e a trabalhar agora, dos consagrados aos em início de carreira. Por outro lado, as obras selecionadas realizam-se em diferentes meios de expressão (do desenho à fotografia); inscrevem-se em vários estilos (desde a figuração, sobretudo na pintura, à abstração, maioritariamente na escultura); e abordam diversos temas, alguns intrínsecos à própria arte, a generalidade respeitante à vida social.
A exposição inspira-se no ato de colecionar, múltiplo e disperso por natureza, espécie de incessante acumulação desordenada de objetos. Tal ecoa no título, O Depósito Caótico, tomado de empréstimo de uma obra de Artur Barrio, e utilizado como metáfora para ilustrar tanto o efeito da ação do colecionador quanto a lógica subjacente à exposição.
O modo de mostrar as obras baseia-se nas afinidades visual, intelectual, emocional ou espiritual que emergem entre si quando colocadas em diálogo, formando zonas de contacto. Para além do sentido que cada obra possui, a sua junção estabelece, então, constelações de imagens e assuntos. A exposição traduz, pois, visões do mundo tanto as dos artistas quanta a do colecionador.
Comissário da exposição
Miguel Amado
Miguel Amado é comissário de exposições e crítico. Do seu percurso profissional, destacam-se cargos diretivos e curatoriais em entidades como o Cork Printmakers (Irlanda), Middlesbrough Institute of Modern Art e Tate St Ives (ambos em Inglaterra), o Abrons Arts Center (Nova Iorque) e o Centro de Artes Visuais (Coimbra). Como freelancer, destacam-se projetos como o Pavilhão Português na Bienal de Veneza de 2013 e colaborações com instituições e eventos como o Museu Coleção Berardo (Lisboa), a apexart (Nova Iorque), a Frieze Projects na Frieze London (Londres) e o Foro Arte Cáceres (Espanha). Dos seus estudos, destacam-se o mestrado em Curating Contemporary Art do Royal College of Art (Londres) e a Night School, no New Museum, em Nova Iorque.
Artistas participantes
A. R. Penck, Ana Laura Aláez, Ana Vieira, Anna Moreno, Armando Alves, Artur Barrio, Bernard Rancillac, Carla Cruz, Carolina Antoniadis, Corneille, Cristina Cañamero, Dan Graham, Daniel Steegmann Mangrané, Eduardo Arroyo, Francisco Tropa, Helena Almeida, Jaume Plensa, João Pedro Vale &, Nuno Alexandre Ferreira, Joaquim Rodrigo, Jorge Galindo, José Bechara, José de Guimarães, José Manuel Ciria, José Manuel Vela, Karel Appel, Mabunda, Malangatana, Marianne Keating, Markus Lupertz, Marta María Pérez Bravo, Mauro Cerqueira, Mimmo Rotella, Robert Combas, Santiago Sierra, Susanne S. D. Themlitz, Torben Giehler, Valerio Adami, Victor Mira, William Wegman, Yonamine