© Estelle Valente
Na imaginação das crianças, a noite é talvez o primeiro dos grandes mistérios. As sombras, o escuro, o silêncio, os barulhos da rua e os movimentos na casa propiciam pensamentos fantasiosos, muitos medos, algum fascínio. O universo infantil é ocupado pela ideia da noite como sinónimo do desconhecido, por um lado, e como possibilidade infinita, por outro. Terrores noturnos, monstros debaixo da cama, chuva forte que não deixa dormir, mas também sonhos alegres, histórias para adormecer, canções de embalar, mimos de boa noite, a luz da lua.
A noite é por definição um lugar fantasioso, e assim continua na idade adulta, associada à solidão, à insónia, ao desvio, mas também à intimidade e ao recolhimento. E por tudo isto a noite está ancestralmente ligada a um certo universo artístico, situado entre a melancolia e a transgressão.
Nocturno terá música original de João Godinho, na qual o piano será usado não apenas como instrumento melódico, mas também como veículo de sons ora encantatórios ora aterradores. O noturno enquanto género musical - pequena peça para piano, emblemática do período romântico e de caráter melancólico - servirá naturalmente de inspiração.
Será assim estabelecida a ponte entre o mundo das artes e o mundo das crianças, dois universos em que a noite nunca deixou de ser simbólica, porque nunca deixou de representar a fronteira em o que vemos e o que não vemos, entre o que imaginamos, o que sonhamos e o que tememos.
Nocturno inspirar-se-á em muitas noites possíveis – na aldeia e na cidade, ao relento e em abrigos improváveis, debaixo dos cobertores no Círculo Polar Ártico, dentro de água nas Caraíbas, na camarata de uma casa grande, no beliche de um pequeno apartamento. Diferentes sons e experiências, com ou sem estrelas, mas sempre sob o mesmo céu escuro.
VICTOR HUGO PONTES
Nasceu em Guimarães, 1978. Licenciado em Artes Plásticas – Pintura, pela FBAUP. Em 2001, frequentou a Norwich School of Art & Design, Inglaterra. Concluiu os cursos profissionais de Teatro do Balleteatro Escola Profissional e do TUP, e o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança. Desde então, vem consolidando a sua marca coreográfica, tendo apresentado o seu trabalho por todo o país, assim como em Espanha, França, Itália, Alemanha, Rússia, Áustria, Brasil, entre outros. É, desde 2009, o diretor artístico da Nome Próprio, com sede no Porto.
JOÃO GODINHO, compositor
Nasceu em Lisboa, 1976. estudou piano e formação musical. Licenciado em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa (2006). Como compositor, tem-se dedicado à escrita para piano e para música de câmara, associado a espectáculos de dança contemporânea. Além da música erudita, a sua actividade como compositor abrange o fado, o jazz, a música tradicional e outros universos. Em parceria com Alexandra Ávila, é fundador e director artístico da Lisbon Jazz Summer School, da Big Band Júnior e da Orelha Viva.
PAULO MOTA
Nasceu em Matosinhos, em 1991. Conclui o curso de Interpretação da Academia Contemporânea do Espectáculo em 2010. É actor e bailarino. Ao longo do seu percurso tem trabalhado com criadores como Joana Providência, António Júlio, Madalena Victorino, André Braga e Cláudia Figueiredo, Victor Hugo Pontes, Ana Luena, Rogério de Carvalho e Gonçalo Amorim, e com os músicos Dead Combo, Carlos Bica, João Paulo Esteves da Silva, Peixe, André Pires e Joana Gama. Em 2016 dirige e co-cria o solo “Gaudium”, interpretado pelo Ricardo Machado, estreado no VAGA- Mostra de Ideias e apresentado no Teatro Municipal Rivoli - Campo Alegre no âmbito do projecto “Palcos Instáveis”.
JOANA GAMA
Nasceu em Braga, 1983. É pianista e investigadora. Estudou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, na Royal Academy of Music (Londres) e na ESML (Lisboa). Concluiu em 2010 o Mestrado em Interpretação na Universidade de Évora, e recentemente a sua tese de doutoramento "Estudos Interpretativos sobre música portuguesa contemporânea para piano: o caso particular da música evocativa de elementos culturais portugueses", como bolseira da FCT. Como pianista e performer, nos últimos anos tem estado envolvida em projectos que associam a música às áreas da dança, do teatro, do cinema e da fotografia.
Cocriação
Joana Gama e Victor Hugo Pontes
Direção e Cenografia
Victor Hugo Pontes
Interpretação
Joana Gama, Paulo Mota e Victor Hugo Pontes
Composição Musical
João Godinho
Desenho de Luz e Direção Técnica
Wilma Moutinho
Sonoplastia
Suse Ribeiro e João Godinho
Desenho de Som
Suse Ribeiro
Maquinaria de Cena
Filipe Silva
Adereços (aranhas)
Emanuel Santos
Direção de Produção
Joana Ventura
Apoio à Residência
Centro Cultural Vila Flor
Coprodução
Nome Próprio
São Luiz Teatro Municipal
Teatro Municipal do Porto Campo Alegre
Rivoli
CCB / Fábrica das Artes
Projecto financiado pela República Portuguesa - Cultura / Direcção-Geral das Artes.
A Nome Próprio é uma estrutura residente no Teatro Campo Alegre, no âmbito do programa Teatro em Campo Aberto.